terça-feira, junho 03, 2003

Epílogo de Duas Vidas em Papel

A última voz que imaginava ouvir naquela noite de fim de semana era a sua. Talvez por isso não tenha atendido de primeira quando vi no telefone o número de um lugar que não era o seu. E até agora não entendi o que aconteceu ao certo, como você voltou a fazer parte da confusão que existe aqui dentro. Mas a verdade é que voltou, e eu preciso fazer algo.

Não sou imune a você. Nunca fui, desde o primeiro instante, e pareço ser menos ainda depois de tudo que aconteceu. Pedir para ignorar o que sua voz me disse naquela noite de fim de semana é inútil, você sabe que não sou assim. Eu me preocupo, sempre me preocupei, e não foram meses, distância e silêncio que afastaram isso de mim, não mesmo. Só estava guardado, e agora voltou tudo. Estou aqui.

Você não vai ler isso, ninguém vai. Não dessa vez. Acho que aprendi com você que as palavras dizem mais do que os olhos sem dor podem perceber. Você entenderia, eu sei, mas talvez seja tarde. Quem sabe não é. Você escolheu assim.

Espero que fique bem.