domingo, abril 12, 2009

Sobre canções e palavras*

Hoje ouvi o barulho do mar
E contei estrelas no cair da noite

Caminhei descalço, devagarinho
Como se andasse em nuvens no céu

(às vezes parecia até que não estava aqui)

Deixei o vento me envolver

Só assim fui capaz de desenhar, na areia,
Cada palavra
E me fazer poeta de alegrias sem fim

(*diálogo estabelecido com as obras contidas em www.asoutraspalavras.blogspot.com, do poeta e amigo Filipe Couto)

sexta-feira, abril 03, 2009

Sobre tijolos e pétalas

"Dear Prudence, won't you come out to play?" (Lennon/McCartney)

Era tarde, e a eles não restava mais a companhia. Conquistaram o silêncio e o olhar perdido, as lembranças opacas de um dia feliz. Do vento que soprava, nem o frescor lhes cabia - as sensações se desfizeram como pétalas esquecidas de uma declaração apaixonada de outono. 

Permaneciam. Imóveis. Impávidos. Inconseqüentes. Um momento que já não existia, um deixar-se estar que nada acrescentava.

Não se sabia se havia alegria ou tristeza ali. Os minutos caminhavam, as xícaras escureciam. Nas mãos, a frieza de quem agira com certeza. Eram sós, não queriam muito. 

Da janela, avistavam o mar. As poucas ondas preguiçavam por sonhar. Decidiram abandonar os brancos e colorir as estradas opostas, pedindo licença para não incomodar.

Porque tantos outros já estiveram assim.