segunda-feira, abril 12, 2010

Periódico

Quando soube de você a primeira vez, algo me dizia que não seria algo irrelevante. E ainda que não fosse manchete de jornal ou chamada na televisão, a notícia de que você existia ficou gravada em minha memória de tal forma que, por muito tempo, qualquer outra que surgisse parecia competir por um espaço em uma página praticamente preenchida.

Com o tempo, a tinta foi se apagando, e a folha que antes imprimia uma grande verdade, foi se perdendo como papel velho e inútil. A partir daí, decidi que não mais leria as novidades como se fossem únicas, deixando que elas soassem como fatos requentados que se fazem clichês a todo instante. Fui perdendo, então, aquelas notícias que as pessoas sorriem quando recebem, quase não acreditando na sorte que tiveram. Também abandonei aquelas que demoram a chegar, por serem exclusivas e definitivas. Por último, deixei para depois aquelas que sempre esperamos que um dia nos dêem, de modo que nos arrebatem e nunca mais nos esqueçamos delas. Passei, então, a colecionar aquelas que eram ruins, que por opção jamais deveríamos querer saber, mas, ainda assim, insistimos em procurar. Aquelas que pesam as páginas do jornal em uma manhã de 2a feira cinzenta.

E assim tudo caminhou.

Não faz muito tempo, uma notícia chegou aqui. E eu sei que, dentre todas, são as ruins as mais fáceis de nunca se esquecer. Talvez por isso, não tenha mesmo dado muita atenção quando ela se anunciou. Eu ainda esperava aquela mesma, que recebi há tanto tempo, e nunca pude esquecer. Aquela que me dizia que nada seria à toa ali, entre nós dois. Aquela na qual valia a pena acreditar.

Pode ser besteira, tudo bem. Mas a verdade é que, desta vez, o que eu queria era que fosse eu a boa notícia que chega agora para você.

segunda-feira, abril 05, 2010

Pequena história de um só fim

Quando a última pedra se encaixou e a calçada tomou forma, os passos que foram dados ainda eram incertos. Terreno novo, pouco firme, toda cautela era necessária. Mas bastou que alguma segurança tomasse conta para que ele corresse como criança despreocupada que era, achando que não havia perigos em fazer aquela travessia. E então foi se afastando, sempre em direção ao infinito. Não havia pressa de chegar porque o fim parecia não existir.

Ele se via ao longe. Sentado, admirando aquele ímpeto que já fizera parte de si. A poltrona era confortável, o ar não parecia pesar. Em dado momento, virou apenas um ponto no horizonte. Sorriu. Hoje ele sabia o que o esperava depois da curva que ainda seria descoberta, alguns metros adiante. E tinha a certeza de que aquela corrida, aquele coração batendo rápido, aqueles olhos brilhantes, mereciam o destino que o esperava.

“Por que você não pára e brinca um pouco aqui comigo?”

“Um dia desses eu me caso com você...”

E foi assim. Não foi?