sábado, agosto 03, 2002

Sentido do Novo

Esses dias têm sido estranhos. Tenho dormido mais tarde e acordado sem sono. Não tenho vontade de sair de casa, muito menos de ver pessoas. Você provavelmente dirá que isso é o meu normal, que nada há de estranho nisso. E eu deveria concordar, mas não posso. Porque sei que estou me sentindo diferente, porque sei que esse igual não é o mesmo igual daquele tempo que você me conheceu.

Ao mesmo tempo, nada mudou. O frio que tem feito e essa chuva que insiste em cair ainda me trazem conforto. A cama desarrumada ainda é lembrança de suas reclamações. E toda vez que eu bebo vinho ou ouço "All Blues", aquela do Miles Davis, eu acabo lhe vendo em mim. Minha raiva do espelho continua, minha mania de contar estrelas no céu à noite também. Olhando assim, o tempo parece não ter passado. Se não fosse pela sua ausência, eu até poderia achar que isso é verdade.

Os livros ainda estão jogados no chão. Não passei das cinco primeiras páginas em todos que tentei ler. Não sei, talvez essa busca em escritos por algo que me dê sentido esteja me atormentando demais. Quero respostas imediatas, fim de angústias e incertezas. Eu sempre fui assim, não é? Por mais que você tenha tentado me ensinar que precisamos refletir mais sobre nós mesmos, acho que eu nunca tive coragem de tentar. Talvez eu tenha muito medo de mim.

Apesar disso tudo, há algo de novo aqui. Porque minha vida está diferente, eu sei. E ainda que seja estranho, não é ruim. Você não deve ter reparado, até por estar tão distante agora.

E é melhor que continue assim.