segunda-feira, março 07, 2005

Sobre o que é real e coisas pequenas

Achava que conhecia todas as dores do mundo, mas no seu peito estourava agora uma que era avassaladora, única. Mal conseguia respirar, e em sua consciência pairava a dúvida de um outro destino não traçado. Pesava. Não o peso do mundo, como se costuma dizer; um ainda maior, insuportável: o do vazio. E aquilo que parecia paradoxal nele tomava forma, cristalizando uma tristeza que cismava em se refugiar na mudez de um soluço contido, nas lágrimas amargas que nasciam e morriam nos olhos. Era dor e inverno, melancolia e outono. Era silêncio, um silêncio injusto e indesejado, característico das grandes perdas. Era solidão. Era ausência. Era.

Porque ela foi. E se foi.