quinta-feira, julho 24, 2014

Dali


Eles eram abstratos. Cores pálidas, sons dissonantes. Andavam em caminhos tortos, com passos desordenados. Tinham pensamentos confusos - mas sorriam. Sorriam sorrisos de gente que sonha que a vida é fácil e que o amor é simples. Eram conta de resultado preciso. Paradoxo de dois contra tudo. Aí fascinavam pelas imprecisões e curiosavam pela beleza surreal-cubista. Ela era doce. Ele era vento. Mar salgado de palavras mudas. E sentiam. Sentiam sentimentos de coisas que se reinventam para serem novas quando cansam e querem sumir. Sinestesia de tudo em dois. Rascunho de obra-prima que não tem tempo para vir à luz. Eram. Não. São. São deles. São só. Sós. Sóis. Porque o resto não existe se não precisa existir. Acaba, fim. Fica silêncio para quem pretende ouvir. E eles vão. Abstratos, mas inteiros. Complexos, mas intensos. Dia da noite que insiste em abraçar.