domingo, maio 25, 2003

Os Sãos
Para uma amiga

Por onde anda você? Talvez estejamos distantes demais agora para ver que nada está no mesmo lugar. Você consegue perceber isso? Nosso castelo ruiu, não há mais um só em dois de nós. Acho que eu gostava do escuro que era nosso, o cinza preenchendo as certezas que você sempre quis ter.

Por que você continua? Não precisa ficar se não for para estar ao meu lado. Você não sente que já acabou? Fizemos o que estava ao nosso alcance, mas algo se perdeu nesse caminho de luz que surgiu a nossa frente. Acho que você gostava do silêncio das nossas confissões, o olhar cheio de respostas a perguntas que eu nunca quis fazer.

Às vezes as coisas simplesmente terminam em vazio.

Eu achei que os dias de sol esquentassem a gente, mas a verdade é que eles podem ser tão gélidos quanto tentar achar algum sentido para estarmos aqui.

quarta-feira, maio 14, 2003

Casa nova para o Rumo Ao Nada, com direito a comentários e o quadro que é a síntese do conceito disso aqui.

sábado, maio 10, 2003

Rumo Ao Nada

Eu não sei escrever textos alegres. Meu alimento é a melancolia, minha inspiração é a tristeza que consome o mundo. Talvez isso represente a forma como eu vivo. Ou talvez seja a forma como eu vejo o que é externo a mim. De fato, não sei. Não acho que tenho uma resposta para isso, e nem acho que preciso ter. Apenas deixo as coisas saírem daqui.

- Mas você não sabe o que escreve? Não é o que você sente?

- Seus textos são tão intensos, eu sinto eles em mim...

- Adoro quando você fala de olhares!

- Sabe aquele texto da menina e do malabarista? É o meu favorito!

- Doeu ler seu último texto. Fico preocupada com você.

- Tá tudo bem? Me escreve.

- Quando é que você vai atualizar o site, hein?

- Que lindo esse seu último texto!

- Não agüento mais suas lamentações.

- Sei lá, eu não curto muito os diálogos...

- Ok. Depois eu leio.

Eu só sei escrever por causa de vocês.

terça-feira, maio 06, 2003

Silly Love Songs

- Aí, não tô gostando da minha vida assim não.

- Quê? Você só pode estar brincando! Que que foi agora, cara?

- Não sei. Tá tudo calmo demais. Não gosto disso.

- Como assim, porra? Você vivia reclamando das suas confusões e agora não tá satisfeito porque tá tudo calmo? Você é louco!

- É...

- Não acredito nisso, na boa.

- É sério, cara. Minha vida tá muito calma, preferia como era antes.

- Puta merda, hein? Nada te agrada, que saco.

- É... acho que sou assim mesmo. Mas agora é diferente, sabe...

- Diferente por quê?

- Porque pelo menos eu sei do que não tô gostando.

- Ah, mas isso você sempre sabe.

- Não, não sei. Eu sempre acho que sei, mas nunca sei de verdade. Tanto é que nenhuma mudança me agrada. Acho que é esse lance de ser pós-moderno...

- Ahn?!

- É, pô... de criticar por criticar, saca? De estar insatisfeito com o que tá rolando mas não ter idéias pra melhorar.

- Você é maluco.

- Também. Mas faz sentido, vê só... eu nunca tô satisfeito com nada, não é isso?

- É, pô.

- Então pronto. Na verdade, eu não gosto de nada. Ou gosto de tudo e não consigo escolher o que me satisfaz, sacou?

- Não. Você é maluco.

- Você já disse isso.

- ...

- Mas não é culpa minha.

- Claro que é!

- Não, não é não. Dessa vez não.

- Então tá.

- É tudo culpa das canções de amor.

- Quê?

- As canções de amor, pô. Se não fosse por elas, eu não estaria assim.

- Eu, hein.

- É. Eu descobri que preciso de paixões na minha vida. Me alimento disso.

- Mas você sempre sofre quando tá apaixonado...

- Talvez seja essa a lógica da coisa.

- Ahn?

- Eu me sinto mais vivo assim.

- Putz...

- É que eu adoro tolas canções de amor.