terça-feira, abril 03, 2007

Os Incompletos

Era quase brilho que se via naquele meio olhar. Um quase-sorriso debruçado numa meia felicidade, uma lua semi-nua de um dia quase findo. Ela era quase jovem, quase ingênua em sua total paixão. E se sentia parte completa, mesmo quando dele vinha não mais do que meio aceno. Porque sabia das meias verdades que tomavam seu mundo por inteiro, e achava um todo sentido naquilo que podia não ser nada (e talvez o fosse para aqueles que sempre acreditam no nunca). E mesmo quando ele prometia muito e aparecia com pouco, ela era repleta de alegria vazia. Mas não ligava. Sabia que era quase tudo o que alguém podia querer em uma vida inteira, um amor incompleto cheio de certezas de momento. Porque durava o tempo de um meio-abraço apressado ou de um quase-beijo dado desconcertado. Porque deixava uma vontade imensa de ter um pouco mais. E era sempre assim quando no meio de tudo estavam os dois, formando um. Quando os incompletos viravam duas partes de um mesmo só. Quando o meio-sorriso virava quase-felicidade, e o dia semi-começado levava a lua quase nua. E o meio brilho do quase olhar virava tudo o que eles podiam querer para sempre, um amor completo sem as incertezas de um quase-abraço desconcentrado por um beijo meio embriagado. Até quando ela ligava e dizia verdades inteiras que soavam meio fora do mundo e davam muito sentido para o que parecia tão pouco para uma vida inteira de poucos dois que formavam um imenso um só. Totalmente completos por nunca acreditarem que o sempre deixava repleto de alegria o que era apenas vazio. E o aceno não era mais parte, pois estava completo. E no fim de tudo encontravam o seu início feliz.