sexta-feira, abril 01, 2011

Um dia no meu mundo

Nunca mais eu disse seu nome. Não porque tenha desaprendido, ou porque tenha sido capaz de esquecer, e sim porque cada letra que ia se somando até chegar à palavra final saía de mim arrancando um pouco de tristeza que eu não queria mais sentir. Mas hoje, quando olhei sua foto, ele saltou de minha boca num suspiro, forte e quase automático, e não pude impedir o coração de sangrar. Meus olhos, enciumados, verteram lágrimas também, e logo meu corpo todo era uma solidão só. Tentei colocar outras palavras para fora, ocupar os buracos com qualquer nome, porém às vezes o vazio que dá na gente é logo daquilo que um dia escolhemos não ter. Por isso, eu odiava seu nome, e tremia toda vez que ouvia alguém o dizer. Agora, me pego escrevendo-o incontáveis vezes numa folha de papel qualquer que encontrei por aqui. Como se a repetição fosse enfim o apagar. Como se cada letra que sai da caneta me fizesse te abandonar. Como se a escrita ajudasse a me calar, ainda que só para mim. Como se a ausência significasse que nunca existiu.

Mas não foi assim. Talvez não seja assim.

Hoje, quando olhei sua foto, seu nome voltou a soar por aqui. E tudo que eu queria era que você tivesse sido capaz de ouvir.