terça-feira, maio 06, 2003

Silly Love Songs

- Aí, não tô gostando da minha vida assim não.

- Quê? Você só pode estar brincando! Que que foi agora, cara?

- Não sei. Tá tudo calmo demais. Não gosto disso.

- Como assim, porra? Você vivia reclamando das suas confusões e agora não tá satisfeito porque tá tudo calmo? Você é louco!

- É...

- Não acredito nisso, na boa.

- É sério, cara. Minha vida tá muito calma, preferia como era antes.

- Puta merda, hein? Nada te agrada, que saco.

- É... acho que sou assim mesmo. Mas agora é diferente, sabe...

- Diferente por quê?

- Porque pelo menos eu sei do que não tô gostando.

- Ah, mas isso você sempre sabe.

- Não, não sei. Eu sempre acho que sei, mas nunca sei de verdade. Tanto é que nenhuma mudança me agrada. Acho que é esse lance de ser pós-moderno...

- Ahn?!

- É, pô... de criticar por criticar, saca? De estar insatisfeito com o que tá rolando mas não ter idéias pra melhorar.

- Você é maluco.

- Também. Mas faz sentido, vê só... eu nunca tô satisfeito com nada, não é isso?

- É, pô.

- Então pronto. Na verdade, eu não gosto de nada. Ou gosto de tudo e não consigo escolher o que me satisfaz, sacou?

- Não. Você é maluco.

- Você já disse isso.

- ...

- Mas não é culpa minha.

- Claro que é!

- Não, não é não. Dessa vez não.

- Então tá.

- É tudo culpa das canções de amor.

- Quê?

- As canções de amor, pô. Se não fosse por elas, eu não estaria assim.

- Eu, hein.

- É. Eu descobri que preciso de paixões na minha vida. Me alimento disso.

- Mas você sempre sofre quando tá apaixonado...

- Talvez seja essa a lógica da coisa.

- Ahn?

- Eu me sinto mais vivo assim.

- Putz...

- É que eu adoro tolas canções de amor.