Sobre tijolos e pétalas
Era tarde, e a eles não restava mais a companhia. Conquistaram o silêncio e o olhar perdido, as lembranças opacas de um dia feliz. Do vento que soprava, nem o frescor lhes cabia - as sensações se desfizeram como pétalas esquecidas de uma declaração apaixonada de outono.
Permaneciam. Imóveis. Impávidos. Inconseqüentes. Um momento que já não existia, um deixar-se estar que nada acrescentava.
Não se sabia se havia alegria ou tristeza ali. Os minutos caminhavam, as xícaras escureciam. Nas mãos, a frieza de quem agira com certeza. Eram sós, não queriam muito.
Da janela, avistavam o mar. As poucas ondas preguiçavam por sonhar. Decidiram abandonar os brancos e colorir as estradas opostas, pedindo licença para não incomodar.
Porque tantos outros já estiveram assim.