Sobre canções e palavras*
Hoje ouvi o barulho do mar
E contei estrelas no cair da noite
Caminhei descalço, devagarinho
Como se andasse em nuvens no céu
(às vezes parecia até que não estava aqui)
Deixei o vento me envolver
Só assim fui capaz de desenhar, na areia,
Cada palavra
E me fazer poeta de alegrias sem fim
(*diálogo estabelecido com as obras contidas em www.asoutraspalavras.blogspot.com, do poeta e amigo Filipe Couto)
sexta-feira, abril 03, 2009
Sobre tijolos e pétalas
Era tarde, e a eles não restava mais a companhia. Conquistaram o silêncio e o olhar perdido, as lembranças opacas de um dia feliz. Do vento que soprava, nem o frescor lhes cabia - as sensações se desfizeram como pétalas esquecidas de uma declaração apaixonada de outono.
Permaneciam. Imóveis. Impávidos. Inconseqüentes. Um momento que já não existia, um deixar-se estar que nada acrescentava.
Não se sabia se havia alegria ou tristeza ali. Os minutos caminhavam, as xícaras escureciam. Nas mãos, a frieza de quem agira com certeza. Eram sós, não queriam muito.
Da janela, avistavam o mar. As poucas ondas preguiçavam por sonhar. Decidiram abandonar os brancos e colorir as estradas opostas, pedindo licença para não incomodar.
Porque tantos outros já estiveram assim.
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