Ela acorda sempre com um sorriso e coloca sua música favorita. Prende delicadamente o cabelo, joga uma água no rosto e toma um chá. Parece dar cada passo com prazer singular, vivenciando como único o mais simples momento. Quem a vê não acredita que há maldade no mundo, que a vida pode dar errado e que as pessoas são ruins. Tudo nela soa amor. É por ela que o sol surge, os pássaros cantam, os olhos brilham. É com ela que as noites fazem sentido, os banhos são mais demorados e os filmes emocionam. É dela a existência perfeita.
Mas
a vida não é colorida, as canções não são sempre alegres e os roteiros nem
sempre terminam com final feliz. Então ele aparece e tenta roubar a beleza dela
para si. Aprisiona, limita, diz que sem dois não pode haver um completo. Então
ela ganha olhos avermelhados, noites mal dormidas, pernas fracas e inseguras no
caminhar. A água esconde as lágrimas, o silêncio toma suas manhãs. Sua existência
se apaga e só resta o desesperar.
Até
que um dia a dor já é mais do que pode. É quando ela tenta ser de novo, ela que
sempre foi. É quando ele deixa de existir, ele que nunca é. É quando se separam,
eles que jamais deviam ter. É noite que vai embora para um outro acordar.
Ela levanta no novo dia e encontra um sorriso que não sabia estar ainda ali. É perfeita a existência dela. Pisa com leveza, abre os ouvidos para voltar a viver. Dança. E coleciona sonhos para voar de vez.
Ela levanta no novo dia e encontra um sorriso que não sabia estar ainda ali. É perfeita a existência dela. Pisa com leveza, abre os ouvidos para voltar a viver. Dança. E coleciona sonhos para voar de vez.