Durante muito tempo, eu pedi que você voltasse. Não suportava a cama imensa, o silêncio pela manhã, o café em apenas uma xícara. Doía. Assim, como para fingir que a lembrança não existia, passei a evitar algumas músicas, esconder seus bilhetes, renegar nossos filmes. Às vezes, escrevia palavras a esmo, como se elas fossem lhe alcançar e fazer você reencontrar seu lugar. Tolo, não entendia o que acontecia.
Foi então que o inverno chegou, e eu precisei encontrar calor de novo. Deixei de lado a busca pelo seu abraço e a intensidade do seu beijo. Esqueci seu cheiro, desaprendi a percorrer seu corpo. Escolhi deixar as folhas em branco outra vez. Comecei a construir uma nova existência na qual de você eu não fosse refém. E esperei.
Até que, certo dia, senti que você não estava mais aqui - e isso, finalmente, não foi razão para lamentar. Acordei, abri os olhos e soube que era hora de seguir. Dei passos firmes como alguém que não teme mais andar sozinho. E me despedi de você como sempre pretendi fazer.
(Mas como nunca gostaria de ter)