Eu
queria escrever um texto para apagar você. Um texto que fosse de superação,
daqueles que incentivam a todos que precisam seguir em frente depois de um
coração partido. Um texto cujas palavras fossem amenas e esperançosas, sem
qualquer resquício de mágoa ou de frustração. Um texto que não evocasse seu
nome, que não me trouxesse sua imagem, que não tivesse o seu cheiro (sim, é
possível senti-lo mesmo agora, apesar de toda a distância que você nos impôs).
Mas não consigo. Basta colocar a caneta no papel e você volta no mesmo
instante, como se a casa se preenchesse da sua presença mais uma vez. Aí as letras,
as palavras, as frases, as imagens redundam, e tudo é seu, de novo. E você vira
protagonista, antagonista, personagem secundário, obra completa - só não é narradora
porque desistiu de contar nossa história. Até a trilha sonora é para você,
ainda que você não saiba. Parece proposital. Talvez até seja. Afinal, eu
escolhi, mas pensava em você. Sempre penso, não é? Sempre. Daí o texto fica
repetitivo, as palavras soam iguais, o sentimento não muda. Daí quem vem aqui
ler apenas pensa que perdeu seu tempo, acreditando que veria algo que o
incentivasse a mudar de caminho, em vez de seguir rumo ao nada. Desculpem-me,
eu não consegui. Fui clichê. Isso tudo porque eu queria escrever um texto que
não contivesse você. Só que você ainda segue em mim. Mora. E a página em branco
não consegue ganhar vida se não for assim.
terça-feira, janeiro 08, 2013
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