Quando
a porta se fechou, depois do último beijo, foi como se meu coração parasse por
alguns momentos. O silêncio que reinava na casa contrastava ainda com o seu
cheiro espalhado no ar. Meus olhos, vermelhos, evitavam os ambientes que
fizeram parte de nossa história. Minhas mãos cerradas tentavam,
desesperadamente, agarrar algo que já não existia mais. Você estava indo, eu
sabia, e eu só podia lamentar que as minhas escolhas nos levassem até ali.
Nunca quis tanto saber dizer o que sentia. Desejei saber colocar em gestos todo
o meu gostar. Quis voltar no tempo para responder a você da maneira correta no
momento em que eu não podia falhar. Mas não posso. Falhei. Não disse, não
mostrei, não vivi. Deixei que os meses juntos fossem perdendo em força, medroso
que fui em não assumir o óbvio. Esperei
o momento certo para ter você e ele passou porque eu não quis assumir. Por
isso, quando a porta se fechou, estava eu de um lado e você do outro. Por isso,
o último beijo dado não foi apenas mais um de muitos. Por isso, a esperança do
retorno passou a ser tudo o que restou. Porque não há mais desculpas que possam
salvar nós dois. Não há mais pedidos que possam te deixar aqui. Devia eu ter
aceitado as incoerências e vivido o que tínhamos de especial. Agora, é silêncio,
é dor, é ausência. É vontade de que, um dia, você volte. Afinal, o lugar, você
sabe, ainda é seu – “que mora no meu coração”, não era assim?
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