domingo, setembro 30, 2001

O texto de hoje é bem diferente de todos que os 5 ou 6 leitores desse blog já viram por aqui. Tive que escrevê-lo "sob encomenda" para um trabalho da faculdade, o que já não me agrada muito. O resultado, porém, pareceu-me tão legal que pensei valer a pena publicá-lo. Quer dizer... não foi bem assim. Só tomei coragem de fazer isso porque a pessoa que mais critica tudo o que escrevo disse que estava realmente muito bom. Pois é. Como um elogio da parte dela é raríssimo, aqui está o texto. Vamos ver se estava certa...

Musicando

Corre um boato de que uma nova droga vem sendo misturada a bebidas alcóolicas em festas do alto escalão brasileiro. O sintoma é um só, e bem característico: aquele que ingere o alucinógeno diluído em seu “drink” passa a falar compulsivamente e sem qualquer relação de verossimilhança. Em casos extremos, dizem que a pessoa fala apenas por frases musicais. Não deixa de ser engraçado. Já estou até imaginando a cena: todos os convidados reunidos no salão e, de repente, sobe na mesa o anfitrião e começa a discursar:

“Meus bons amigos onde estão? Provavelmente caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento. O meu partido é um coração partido, e nessas horas percebo que nada do que foi será do jeito que já foi um dia, pois assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade.

Vejam bem, isso não pode ser assim, tão ruim. Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves e ah, quanto querer cabe em meu coração! Cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais, e ainda vai levar um tempo pra fechar o que feriu por dentro. Apesar disso, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque o tempo não pára. É, eu sei que a espera é difícil, mas continuo sambando.

Claro que isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais. Aliás, quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo. Mas agora o que vamos fazer? Eu também não sei. É, é bom aprender... a vida é cruel. Tá certo, viver é melhor que sonhar, e eu sei que o amor é uma coisa boa. Por isso que eu não quero dinheiro, eu só quero amar. Às vezes penso que isso tudo foi um rio que passou em minha vida e que já não há caminho pra voltar. Porém, ainda assim, não vou dizer que já lhes esqueci.

De fato, do Leme ao Pontal, não há nada igual. É por isso que eu fico com a pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita.

Muito obrigado pela atenção de todos!”