Pela Manhã
Acordou assustado. Suava e ofegava como nunca lhe acontecera. Pelo ar, era capaz de sentir aquele perfume que tanto lhe fizera bem em todos os dias de convivência. Ela estivera em seu sonho, sem dúvidas, e isso a colocara tão próxima quanto desejava que estivesse agora.
Sentia um aperto no peito. Desconhecia aquela sensação, mas algo lhe dizia que seu nome era saudade. Ela partira não havia muito tempo, porém a sua ausência já começava a se mostrar como dor. Algumas lágrimas escorreram do seu rosto. Lamentou ainda mais que ela não estivesse por perto para ter seu abraço agora.
Seu primeiro impulso foi pensar em ligar. Discou os primeiros números e desistiu. Teve vontade de jogar o aparelho forte contra a parede. Não o fez, contudo. Abaixou a cabeça e o choro passou a ser compulsivo. Tremia todo o seu corpo. Parecia que sua vida tornara-se vazia sem ela, que as coisas tinham perdido o sentido.
Olhou para o relógio e viu que não passava das oito horas da manhã. Dormira pouco e faltava muito para o dia acabar. E a única coisa que precisava agora era que os dias passassem rapidamente, trazendo-a de volta o mais breve possível. Se é que ela de fato irá voltar. Esperar.
Pela primeira vez, sentiu que suas manhãs seriam difíceis demais.