Silly Love Songs
- Aí, não tô gostando da minha vida assim não.
- Quê? Você só pode estar brincando! Que que foi agora, cara?
- Não sei. Tá tudo calmo demais. Não gosto disso.
- Como assim, porra? Você vivia reclamando das suas confusões e agora não tá satisfeito porque tá tudo calmo? Você é louco!
- É...
- Não acredito nisso, na boa.
- É sério, cara. Minha vida tá muito calma, preferia como era antes.
- Puta merda, hein? Nada te agrada, que saco.
- É... acho que sou assim mesmo. Mas agora é diferente, sabe...
- Diferente por quê?
- Porque pelo menos eu sei do que não tô gostando.
- Ah, mas isso você sempre sabe.
- Não, não sei. Eu sempre acho que sei, mas nunca sei de verdade. Tanto é que nenhuma mudança me agrada. Acho que é esse lance de ser pós-moderno...
- Ahn?!
- É, pô... de criticar por criticar, saca? De estar insatisfeito com o que tá rolando mas não ter idéias pra melhorar.
- Você é maluco.
- Também. Mas faz sentido, vê só... eu nunca tô satisfeito com nada, não é isso?
- É, pô.
- Então pronto. Na verdade, eu não gosto de nada. Ou gosto de tudo e não consigo escolher o que me satisfaz, sacou?
- Não. Você é maluco.
- Você já disse isso.
- ...
- Mas não é culpa minha.
- Claro que é!
- Não, não é não. Dessa vez não.
- Então tá.
- É tudo culpa das canções de amor.
- Quê?
- As canções de amor, pô. Se não fosse por elas, eu não estaria assim.
- Eu, hein.
- É. Eu descobri que preciso de paixões na minha vida. Me alimento disso.
- Mas você sempre sofre quando tá apaixonado...
- Talvez seja essa a lógica da coisa.
- Ahn?
- Eu me sinto mais vivo assim.
- Putz...
- É que eu adoro tolas canções de amor.