sexta-feira, setembro 28, 2001

Verbos

De que adianta voar
Se Ícaro condenou a quem nos céus se aventurasse?

De que adianta andar
Se as pessoas caminham sem nenhuma dignidade?

De que adianta pensar
Se os cérebros pensam sem grande diversidade?

De que adianta falar
Se as bocas falam sem muita autoridade?

De que adianta ler
Se é proibido ler com pueril ingenuidade?

De que adianta escrever
Se não se pode escrever com certa liberdade?

De que adianta cantar
Se o mundo se cala ao ouvir o canto da novidade?

De que adianta amar
Se o coração não suporta as adversidades?

De que adianta viver
Se os verbos hoje já não mais expressam a realidade?