sexta-feira, agosto 12, 2011

Bandeiras

Ela finge que sorri, ele finge que acredita. E assim vão levando mais uma relação que, fadada ao fracasso, insiste em permanecer apenas para evitar os dias de solidão. Por isso, seguem o teatro do cotidiano: investem nas aparências, ignoram o não-sentir.

Em parte das vezes, ela pensa que é por toda a história juntos. Em outras, é ele quem se convence de que não encontrará nada melhor. A verdade é que sempre é pouco, irrelevante, inadequado. Ou apenas fraco, o que, por si só, já basta. São reféns daquelas situações em que só se pode rir porque ambos não percebem o óbvio. Vítimas de momentos em que não se reverte o que está sacramentado. Culpados de uma vida a dois sem graça.

Eles não tentam, apenas estão ali. Não querem estar. Só não sabem como não o fazer. Porque ficou tarde. Porque ficou complicado recomeçar. Porque preferem o igual. Porque gostariam de voltar a gostar. Porque é da natureza deles se acostumar. Simples assim. Um estar na vida sem a vivenciar.

(Perdendo tempo e vontade para quê?)

Ela finge que vai embora, ele finge que não se importa. Mas amanhã estarão no mesmo lugar.