sábado, novembro 27, 2004

.viena.paris.rio de janeiro.

"6 anos podem ser 6 dias", era só o que ele pensava quando pousou a cabeça no travesseiro e tentou, em vão, dormir, naquela que seria a noite curta mais longa de toda a sua vida. Já era quase amanhecer quando a voz sumiu e ele passou a sonhar, ainda que seus olhos se mantivessem abertos. Mas não se importava. Havia redescoberto uma direção, encaixado as peças de seu quebra-cabeça existencial depois de uma interrupção abrupta e inexplicável. O outro lado continuava ali, e nada parecia absurdo. Ainda que o tempo tivesse sido tão impiedoso a ponto de manter o vazio existente por tanto tempo, era fácil continuar agora. Eram iguais a antes, ainda que diferentes por tudo. E ele sentia que algo não se perdera dali. O sentido se estabelecera com a possibilidade do reencontro a existir. Porque não faria sentido tudo acabar com um adeus ao entrar no avião.

terça-feira, novembro 16, 2004

Entre engrenagens e tintas

"Toda decisão tem um peso, não adianta tentar fugir", disse ele após olhar nos olhos dela e sentir que havia dúvida pairando ali. Vivera aquela situação incontáveis vezes ao longo de sua breve existência, talvez por isso a frase saísse de seus lábios com tanta facilidade que não representava os tortuosos caminhos que o levaram a essa conclusão. E ela permanecia imóvel, serena, como se não existissem palavras que a atingissem naquele momento. Mas ele sabia que por dentro ela estava dividida, que, por mais que ela tentasse fugir, uma hora a resposta surgiria, e a opção acertada surgiria. Acertada porque aprendera que não havia no mundo opção "errada", todas eram acertadas, ainda que sob uma ótica que só alguns pudessem entender - e isso seria a causa do sofrimento. O fato era que ele sabia que estava avançando no escuro. Não temia, porém. Sempre repetiu que a vida é feita de riscos e curta demais para se ter medo de buscar o melhor. Pena que não conseguia convencê-la a pensar assim também.

"Toda decisão tem um peso, não adianta tentar fugir", pensava ele, enquanto ela desviava de seu olhar. Ele sabia que ela tinha muito mais a perder, mas era seu egoísmo que falava mais alto, e só conseguia pensar em como seria bom se ela se resolvesse por aquilo que era favorável a ele. No fundo, tinha receio de não saber arcar com essa decisão, só que sabia que a certeza apenas seria alcançada pela tentativa. Era preciso achar o lugar dos dois, encontrar-se nela, realizar-se, completar-se, ainda que por um breve momento ou mesmo por toda a eternidade. Não se importaria em ser clichê. Desafiaria o mundo, se isso se mostrasse necessário. E iria insistir. Ainda acreditava em sua intuição, presságios ou coisas do gênero, por mais que fosse um resquício bobo de infância ou pura ingenuidade dos amantes de outras décadas.

"Toda decisão tem um peso, não adianta tentar fugir", escrevia ele, ao mesmo tempo que ouvia Sinatra cantar "Can't Take My Eyes Off Of You" e olhava para o relógio apontando onze horas da noite.

Era terça-feira, chovia no Rio de Janeiro e ele estava em casa. Sabia que o mundo lá fora fugia de seu alcance, mas mesmo assim não temia. Apenas esperava.

Como um ponto final que pacientemente aguarda o seu lugar para selar o destino de um texto triste.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Se não há atualização aqui, ressuscita-se lá.

Depois de um ano, o DITR está volta. É só clicar aí do lado e ler.

Em breve, texto novo nesse espaço.
Abraços!